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Egressa de Engenharia Química da UFPE está entre as 25 Mulheres na Ciência América Latina
A pesquisa premiada foi produzida por Caroline Araújo durante o doutorado na UFPE. Reconhecimento foi concedido pela empresa 3M
Petra Pastl
A egressa do doutorado em Engenharia Química da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Caroline Maria Bezerra de Araújo, é uma das premiadas na terceira edição do "25 Mulheres na Ciência América Latina", promovido pela empresa 3M. Caroline Bezerra foi escolhida por pesquisa que objetivou combater a poluição ambiental com um projeto em que utiliza um hidrogel à base de óxido de grafeno e ágar para uso em coluna de adsorção, processo no qual a substância contaminante fica apenas retida na superfície adsorvente, sem ser incorporada ao volume do hidrogel.
A pesquisa premiada de Caroline foi produzida por ela durante o doutorado, com coorientação do professor Maurício Motta, do Departamento de Engenharia Química (DEQ) da UFPE. "Esse prêmio vem coroar a experiência internacional de Caroline, que sempre foi uma aluna comprometida com os estudos desde a graduação. Inclusive, não foi o primeiro prêmio dela. Mas, com essa importante premiação da 3M, nós comprovamos a qualidade do ensino do nosso Programa e do Departamento [de Química] comprovando a qualidade da UFPE como instituição de ensino e de pesquisa no Brasil", destaca o professor Maurício Motta, que também é coordenador do curso de Engenharia Química.
Segundo o professor Maurício, o hidrogel pode ser usado de duas formas para limpar águas poluídas: batelada (água parada em um recipiente) ou fluxo contínuo. No primeiro, o material produzido é colocado dentro do recipiente com água a ser limpa e deixado lá dentro um tempo. Depois, retira-se o material e a água está limpa. No fluxo contínuo, o hidrogel funciona como se fosse uma "esponja" ou "peneira" (lembrando que o hidrogel não absorve a sujeira. Ele a adsorve, ou seja, é como se ele fosse uma "cola" em que a sujeira gruda nele sem aumentar de tamanho). Nesse caso, a água suja passa por ele e os poluentes ficam adsorvidos em sua superfície, fazendo com que ela saia limpa do outro lado.
"O óxido de grafeno não é tão barato, nem biodegradável, mas pode ser reutilizado várias vezes. Ao contrário do carvão, que só pode ser utilizado uma vez. Daí sua vantagem. O grafeno é um material revolucionário na indústria: é leve, resistente, adsorvente e tem vários usos", explana o professor Maurício Motta. "E, mesmo após várias utilizações, quando ele já tiver sido usado demais e não puder ser reutilizado para despoluição das águas, mesmo contaminado, ainda podemos usá-lo para outros fins. Ainda precisam ser feitos mais estudos sobre isso, mas sabemos que é possível”, complementa.
"Foi muito importante ter tido este reconhecimento por parte da 3M por diversos motivos, tanto pessoais, quanto profissionais, mas principalmente por estarmos vivendo um momento no qual a ciência se faz extremamente necessária (comprovamos isso durante a pandemia de covid-19). Então, toda iniciativa que seja para divulgar o trabalho de cientistas, em especial, cientistas mulheres e brasileiras, é muito importante, além de talvez servir de inspiração para que outras mulheres e meninas se interessem pela ciência", afirma Caroline Bezerra, ganhadora do prêmio da 3M e ex-estudante da UFPE.
Além dessa premiação da 3M, Caroline já foi contemplada com o prêmio Santander no início do doutorado, em 2018, para comparecer a uma conferência na Universidade de Surrey, no Reino Unido. Ela também foi bolsista do Ciência sem Fronteiras (CsF) na graduação, de 2013 a 2014, no Reino Unido. No doutorado, foi bolsista do Programa Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), quando foi para a Universidade do Porto, em Portugal, onde se encontra novamente para o pós-doc com bolsa de Pós-Doutorado no Exterior (PDE), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
No momento, Caroline Bezerra, além de pós-doutoranda, também atua como docente externa da UFPE, coorientando uma aluna de mestrado do PPGEQ. "A UFPE sempre fez e ainda faz parte da minha vida, mesmo eu tendo terminado o doutorado no ano passado. Foi na UFPE, durante o mestrado, que eu comecei a trabalhar com o desenvolvimento de nanomateriais para o tratamento de águas e efluentes. Durante o meu doutorado, desenvolvemos um nanocompósito à base de um biopolímero e óxido de grafeno para remover poluentes orgânicos da água. Com ele, conseguimos remover tanto corantes em água, quanto a cloroquina. Sou extremamente grata à UFPE, ao Departamento de Química e aos meus professores", destaca Caroline Bezerra.
Carolina, que termina o pós-doc em novembro deste ano, atualmente continua trabalhando com o hidrogel compósito à base de grafeno e ágar, mas agora o foco é utilizá-lo para a adsorção de proteínas e aminoácidos. Porém, a pesquisa com a despoluição e águas continua com a coorientação que ela faz com a aluna do mestrado na UFPE.
Além de Caroline Maria Bezerra de Araújo, outras sete pesquisadoras do Brasil integram a lista da premiação da 3M. Colômbia, Chile, Costa Rica e México são os países que complementam o número de premiadas, que se voltaram aos temas de meio ambiente ou saúde.