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Ensino de História contribui para construção do sentimento de pertencimento cultural negro
O resultado foi apresentado na dissertação apresentada por José Walmilson do Rêgo Barros com orientação de Eleta de Carvalho Freire
Por Larissa Valentim
A luta por introduzir no cotidiano escolar conteúdos que abordem as relações étnico-raciais não é recente. Segundo o autor da dissertação intitulada “O currículo de história e o sentimento de pertencimento cultural de estudantes negros nos anos finais do ensino fundamental”, José Walmilson do Rêgo Barros, mesmo com os assuntos sendo obrigatórios pela legislação, como descrito nas Leis 10.639/03 e 11.645/08, quando não são trabalhados, tendem a ser retratados de forma estereotipada. No estudo, o historiador afirma que a falta de identificação dos estudantes negros pode levar à evasão escolar, já que os mesmos não conseguem se reconhecer de forma positiva no currículo escolar seja ele prescrito ou vivido. E, como proposta, a dissertação defende que deve haver uma reforma no modo de ensino e não uma mera "mudança de foco do europeu para o africano".
Defendida no Mestrado Profissional de Ensino em História da UFPE (ProfHistória), a dissertação tem como objetivo compreender a relação entre o ensino de História e a construção do sentimento de pertencimento cultural de estudantes negros que estão no final do Ensino Fundamental; levando em consideração que o ensino de História tem um importante papel a cumprir na formação humana dos mesmos. A pesquisa evidencia “o quanto os conhecimentos sobre o continente africano ainda continuam estereotipados, limitados e pouco questionados, mesmo entre estudantes que já tiveram acesso através do currículo de História a diversas temáticas que lhes possibilitariam compreender uma multiplicidade de aspectos sobre a África”.
O estudo, orientado pela professora Eleta de Carvalho Freire, aponta que, além das dificuldades no ambiente escolar, também há entraves nas famílias dos estudantes. De acordo com o levantamento, 50% dos pais ou responsáveis negaram a divulgação das fotos produzidas em uma oficina de “amarrações africanas”, indicando “um quadro familiar ainda circunscrito de preconceitos, nos quais nossos estudantes estão incluídos”. Em contrapartida, foi registrada “a positividade e total aceitação do turbante pelas adolescentes que participaram da oficina, inclusive a continuidade de algumas delas permanecerem usando-o no cotidiano escolar”. Assim, o autor observa uma relação direta entre o ensino de História e o sentimento de pertencimento cultural negro quando constituído como objetivo didático.
Buscando compreender a identidade negra como uma construção social, histórica, cultural e plural, o mestre em Ensino de História estrutura sua pesquisa a partir dos conceitos chaves como: raça, etnia, racismo, preconceito, intolerância racial, pertencimento cultural. “A identidade negra possui dimensões de ordem pessoal e social. Estando assim vinculadas, nossas identidades sociais como sujeitos sociais e históricos são definidas no âmbito da cultura e da história. Dar conta dessa complexidade requer levar para dentro das salas de aula as diversas visões de raça, racismo, preconceito, identidade, etnia, pertencimento cultural, entre tantas outras categorias que ajudam a compreender a vivência/convivência fincada no diálogo, no qual a diferença não signifique a oposição, a negação”, comenta José Walmilson.
METODOLOGIA | A metodologia utilizada na dissertação foi a elaboração e a vivência de um projeto didático de intervenção aplicado numa escola pública do município de Ipojuca. Foram levados em consideração dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que oferecem um indicativo sobre o sentimento de pertencimento cultural negro dos habitantes da região, mesmo sendo uma região historicamente de circulação de pessoas escravizadas. Outro fator importante é a modalidade de pesquisa-ação utilizada no estudo, já que ele trabalha no ambiente pesquisado, por se tratar de uma possibilidade científica de investigação que permite ao professor perante a realidade do cotidiano escolar ser ele mesmo docente/pesquisador.
A experiência didática foi aplicada em cinco turmas do 8º ano, 166 alunos no total, com o intuito de “de compreender como esses jovens estão lidando como os conceitos históricos inerentes às relações étnico-raciais, tendo em vista já estarem na fase de transição para o Ensino Médio”. Os dados constituíram-se dos materiais produzidos nas intervenções realizadas com os estudantes durante as vivências de um projeto de intervenção pedagógica planejado para um período de nove meses. O projeto, intitulado pelos alunos de “Identidade Cultural Negra na Escola”, foi subdividido em 11 atividades que foram culminadas numa feira de conhecimentos.
Mais informações
Mestrado Profissional de Ensino em História (ProfHsitória)
(81) 3879.5986
profhistoriaufpe@gmail.com
José Walmilson Rêgo Barros
(81) 99774.1997 (para uso exclusivo da imprensa)
walmilsonbarros@gmail.com