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Ciência da Computação realiza defesa de tese no próximo dia 11
O trabalho foi orientado pelo professor Sérgio Castelo Branco Soares e coorientado pelo professor Gustavo Henrique Lima Pinto
O Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação realiza, no próximo dia 11, às 8h30, no anfiteatro do Centro de Informática (CIn), a defesa da tese “A Model to Transfer Knowledge from Research to Software Engineering Practice Based on Rapid Reviews and Evidence Briefings”, de autoria do aluno Bruno Falcão de Souza Cartaxo. O trabalho foi orientado pelo professor Sérgio Castelo Branco Soares e coorientado pelo professor Gustavo Henrique Lima Pinto.
A banca examinadora é composta pelos docentes Fábio Queda Bueno da Silva (UFPE/Centro de Informática), Fernando José Castor de Lima Filho (UFPE/Centro de Informática), Guilherme Horta Travassos (UFRJ/Coppe), Maria Teresa Baldassarre (Unibari/Ciência da Computação) e Tayana Uchôa Conte (Ufam/Departamento de Ciência da Computação).
Resumo
Há mais de uma década, a Engenharia de Software Baseada em Evidência (ESBE) foi introduzida, inspirada nos resultados promissores da Medicina Baseada em Evidência (MBE). Desde o início, um dos principais objetivos da ESBE é integrar as melhores evidências com a prática da Engenharia de Software (ES). No entanto, alguns pesquisadores afirmam que estudos secundários – um dos principais produtos da ESBE – apresentam uma falta de conexão com a prática da ES, o que pode indicar a dificuldade que a ESBE tem enfrentado para atingir um dos seus principais objetivos. Para melhor entender essas afirmações, a primeira contribuição dessa tese é analisar como estudos secundários se relacionam com os problemas enfrentados na prática da ES. Nós definimos uma técnica de análise de cobertura que permite comparar os tópicos investigados pelos estudos secundários com os problemas reportados pelos profissionais da prática em cinco websites de perguntas e respostas pertencentes a plataforma Stack Exchange. Dos mais de 26 mil problemas reportados nesses websites, apenas 1,75% foram considerados cobertos – quando as evidências de um estudo secundário pode ajudar a solucionar ou ao menos atenuar o problema reportado – por 24 estudos secundários selecionados. Esse baixo percentual de cobertura dá suporte a afirmação de alguns pesquisadores que argumentam que existe uma falta de conexão entre os estudos secundários e a prática da ES. Motivados pelos resultados dessa primeira pesquisa, e inspirados em avanços recentes da MBE, propusemos nessa tese um modelo para transferir conhecimento de estudos secundários para a prática da ES. O modelo é uma instanciação de um modelo largamente utilizado em outras áreas de conhecimento, mas adaptado para aderir a dois conceitos que tem ganhado bastante notoriedade na MBE: as Rapid Reviews (RRs), que são métodos que focam em entender e mitigar os problemas dos profissionais da prática fornecendo evidências científicas em tempo hábil; bem como os Evidence Briefings (EBs), que são documentos de uma página que resumem os as principais evidências de um estudo empírico, para torná-lo mais acessível a não pesquisadores. Dentro desse modelo, as RRs produziriam o objeto a ser transferido (conhecimento), e os EBs fariam o papel do meio intermediário entre a pesquisa e a prática. Nenhuma dessas abordagens foram aplicadas na ES. Essa tese é a primeira pesquisa nessa direção. Definido o modelo de transferência de conhecimento, criamos 12 EBs baseados em um estudo secundário cada. Os EBs resumiram as principais informações dos estudos secundários, tais como: o título, os objetivos, e o mais importante, as evidências. Inicialmente conduzimos dois surveys para avaliar o conteúdo e o formato dos EBs. Um com os autores dos estudos secundários que criamos os EBs, e outro com profissionais da prática que reportaram problemas nos websites do Stack Exchange que foram considerados cobertos pelos estudos secundários. Observamos que tanto os profissionais da prática (32) como os pesquisadores (7) enxergam os EBs de forma majoritariamente positiva. A maioria dos profissionais e dos pesquisadores afirmam que é fácil encontrar informação nos EBs (53% e 71% respectivamente); que os EBs são claros e fáceis de entender (82% e 71% respectivamente); e que os EBs tem aparência confiável (62% e 56% respectivamente). Seguindo a avaliação dos EBs, convidamos os autores de artigos publicados em quatro conferências em ES (EASE, SBES, SBCARS, e SAST) para criar EBs dos seus artigos e através de um survey avaliamos suas percepções. Autores de 44 (38%) de um total de 115 artigos publicados nessas quatro conferências aderiram e criaram seus EBs. Os resultados revelaram que, apesar da criação de EBs consumir um tempo considerável (88% dos pesquisadores reportaram ter levado até três horas), os pesquisadores ainda enxergam benefícios em criá-los, visto que 88% dos pesquisadores afirmaram que provavelmente, ou muito provavelmente criariam EBs de seus artigos em outras se for algo demandado pela organização dos eventos, mesmo que não seja obrigatório. Isso mostra que os EBs podem ter um papel importante como meio de transferência de conhecimento. A última contribuição dessa tese diz respeito à aplicação de RRs em ambientes de prática da ES. Nós conduzimos RRs em duas empresas de desenvolvimento de software, em colaboração com os profissionais dessas empresas. Os problemas que eles enfrentavam estavam relacionados à baixa colaboração do cliente (Empresa 1) e a baixa motivação da equipe (Empresa 2). Seguindo algumas das estratégias de RRs nós delimitamos a busca por evidência que poderia auxiliar os profissionais a mitigar seus problemas, bem como sintetizamos essas evidências utilizando análise temática, e apresentamos os principais resultados aos profissionais por meio de EBs. Através de uma série de entrevistas, avaliamos as percepções dos profissionais sobre os resultados das RRs. Isso nos revelou que os profissionais tiveram um visão positiva sobre as RRs. Eles afirmaram ter aprendido novos conceitos, reduzido o tempo e o custo para tomada de decisão, melhorado o entendimento sobre o problema que enfrentavam, dentre outros benefícios. Além disso, dois meses depois de introduzirmos a primeira RR, observamos através de uma nova entrevista que os profissionais de fato aplicaram parte do conhecimento adquirido com as RRs. Eles afirmaram terem observado melhorias com seus problemas relacionados a baixa colaboração com o cliente. Visto os resultados positivos obtidos ao executar seis estudos empíricos, acreditamos que o modelo de transferência de conhecimento (baseado em RRs e EBs) que propusemos se mostra um interessante alternativa no sentido de aproximar a pesquisa da prática da ES.