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Violência, milícias e crime organizado no Giro Nordeste de hoje (29)
Vencedor do prêmio Jabuti de 2021, Bruno Paes Manso traça uma linha do tempo sobre a chegada das facções criminosas no país
O entrevistado do Giro Nordeste de hoje (29) é o jornalista e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP) Bruno Paes Manso, vencedor do prêmio Jabuti de 2021 com o livro de não ficção “A República das Milícias – Dos Esquadrões da Morte à Era Bolsonaro”. Na entrevista, o doutor em Ciência Política, além de economista, examina o fortalecimento de grupos criminosos no país, a flexibilização da compra de armas e o papel das instituições brasileiras no tratamento de conflitos sociais e políticos. Produzido pela TVE Bahia e exibido pela TVU (canal 11.1) às 20h30, o Giro vai ao ar sempre às sextas-feiras. Nesta edição, conta com a colaboração remota do comunicador da UFPE Josimar Parahyba.
Coautor da publicação “A Guerra: a Ascensão do PCC e o Mundo do Crime no Brasil”, Paes Manso é considerado um dos principais estudiosos da violência urbana no país. Sobre o combate ao crime organizado, o pesquisador considera necessário se dedicar mais à averiguação. “Eu acho que nas polícias bem mais eficientes e que funcionam no mundo, mais do que um trabalho ostensivo nos bairros pobres e que promove a violência e superlotação do sistema carcerário, existe uma aposta muito grande na investigação porque a investigação permite entender o funcionamento da indústria do crime e a lógica de funcionamento”, pondera o cientista político.
O pesquisador da USP ainda frisa que “é necessário entender por onde chegam as mercadorias, por onde chegam essas armas, onde eles lavam o dinheiro, quais são as contas bancárias dos chefes, de onde vem a droga. Você precisa entender o funcionamento da indústria para agir de forma estratégica e fragilizá-los economicamente”.
No programa, o cientista descreve resumidamente a história das facções criminosas no Brasil e conta que a primeira delas surgiu em 1979 num presídio fluminense. O jornalista Bruno Paes Manso aponta que “nós somos hoje o terceiro país que mais prende no mundo, indo pro segundo lugar muito rapidamente, ultrapassando os 900 mil presos. Somos um país que prende muito, só que não conseguimos lidar com essa solução, que é uma solução que era supostamente um remédio que tá se transformando num remédio-veneno que está nos fragilizando e colocando novos desafios no Estado a partir do momento que os presídios se tornam locais de gestão criminal nos territórios do lado de fora”.